“Viver é afinar o instrumento…
De dentro para fora, de fora pra dentro”
Leila Pinheiro
Se você chegou até aqui, te convido a entrar, ficar à vontade e me acompanhar para percorrermos juntos e juntas este artigo que escrevo sobre o que me faz pulsar todos os dias: o desenvolvimento humano. Sou profundamente entusiasmada pela potência transformadora que carregamos e, a partir desta meada, construo minha jornada como psicóloga e psicoterapeuta, me dedicando a criar laços de confiança com meus pacientes para impulsioná-los em suas descobertas e entendimentos sobre si mesmos e como pessoa que é parte de um todo.
Somos seres em constante movimento, situados em um mundo cada vez mais complexo e, portanto, desafiador. Conforme vamos vivendo, e as experiências vão nos atravessando, tecemos uma trama própria de vida que, por sua vez, é permeada por pensamentos, ações, sentimentos, emoções, e às vezes sensações que nem mesmo conseguimos denominar. Como, então, entender quem somos, o que sentimos, como nos comportamos e como podemos alinhar nossa história aos nossos valores mais inegociáveis? São caminhos que trazem clareza a essa neblina de perguntas que a psicoterapia se propõe a trilhar.
Mas o que é a psicoterapia?
Antes de comentar sobre a psicoterapia, uma coisa que você precisa saber sobre meu trabalho é que não acredito em fórmulas mágicas. Acredito que a experiência terapêutica é singular e cada um de nós a vivencia de um jeito, em um tempo próprio, com um arco-íris particular. Assim, como norte nas minhas abordagens, linhas teóricas e práticas, sigo sempre na direção do que respeita o sentido pessoal e individualizado, permitindo que este ser compreenda também seu espaço no coletivo.
Além disso, gosto muito do Pompéia quando ele apresenta o que a psicoterapia não é, apontando dois aspectos: “a psicoterapia não deve ser visto como o lugar para onde devem se dirigir às pessoas culpadas de alguma coisa ou que estão erradas de alguma forma, nem tampouco a terapia deve ser vista como um lugar no qual são aprendidos valores, normas e mesmo dicas que uma pessoa deveria seguir na eventual solução de uma situação difícil.”
Aprecio esses apontamentos, pois acredito que a psicoterapia não deve ser um lugar de repressão social, um ajustamento de pessoas a uma ordem externa ou uma forma de adaptação ao meio. Entendo que deva ser um espaço para aqueles e aquelas que estão experienciando e sentindo dificuldades com as questões da vida, com as angústias ou diversos sentimentos que cada situação lhe provoca.
Na minha trajetória enquanto psicóloga e psicoterapeuta já vivi e ouvi muitas histórias e processos dos mais diversos, complexos e singulares.Pessoas que tinham pressa de mudanças para “caber no trabalho”, mulheres desejosas por respostas “pois já está na hora de casar”, a ligeireza de jovens buscando decifrar suas angústias para serem aceitos. Nesses encontros, a postura ética, serena e acolhedora do terapeuta nortearam meu trabalho, pois, como nas palavras da querida Clarice Lispector “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
Neste pensamento, quero falar um pouco sobre o método o qual aplico enquanto psicoterapeuta, a fenomenologia. Vou te explicar o que isso significa: a fenomenologia foi proposta pelo filósofo e matemático Edmund Husserl entre os séculos XIX e XX e traz o olhar para entender os fenômenos por meio do modo como se apresentam para nós – sem buscar um ideal e sem encarar a realidade a partir de julgamentos prévios, mas, sim, como forma de se aproximar daquilo que presenciamos. Isso porque quando estamos diante de algo, criamos associações que dão sentido a esta experiência baseado no que já conhecemos ou no que desejamos que aquilo seja. A isso, chamamos de intencionalidade. A fenomenologia pretende analisar os fenômenos, ou seja, o que aparece para uma consciência, sem carregar esta análise de conhecimentos anteriores ou significações subjetivas por parte do terapeuta.
Transportando este pensamento para a psicologia, isso quer dizer que ali, no momento da escuta ativa do ou da paciente, suspendo minhas crenças e meu conhecimento prévio sobre aquela pessoa ou situação, para compreender o fenômeno em si e como este se conecta com a história de vida e com a visão de mundo de quem a experencia. Este cuidado é extremamente importante na lida com a saúde mental e psicológica, porque, como acredito, cada ser é único e tem consigo sua própria costura ao longo da vida.
Voltando à psicoterapia, costumo dizer que é uma escuta profissional, atenta e acolhedora. Representa um espaço-tempo seguro, livre de julgamentos e expectativas, como vimos no princípio da fenomenologia, para que cada pessoa possa se sentir confortável e confiante no mergulhar em si, em um processo de autoconhecimento no verdadeiro teor da palavra. A psicoterapia promove a expansão da consciência, da percepção sobre nós mesmos e sobre nós diante do mundo.
Como a psicoterapia contribui para o desenvolvimento humano?
Autoconhecimento é uma daquelas palavras que a gente ouve muito por aí. Existem “gurus” sempre trazendo esse discurso, o que, infelizmente, acaba esvaziando a real dimensão de algo tão importante. Na psicoterapia, a partir de um vínculo de respeito e abertura total à experiência do ou da paciente, o desvendar-se alcança camadas mais profundas e significativas que promovem a validação de si, ou seja, representa um processo de abraçar quem se é, fazer uma melhor leitura dos sentimentos e das ações, valorizar a própria voz, ganhar autonomia, escolher as linhas que vão criar a história e impulsionar projetos de vida alinhados a essa essência. Logo, a psicoterapia permite que cada pessoa faça sua própria viagem, às vezes mais breve, outras vezes mais longa, para encontrar consigo e estar no mundo de forma propositiva.
“Na terapia, o que fazemos é reencontrar a expressão do nosso modo de sentir, o recordado, principalmente aquelas coisas que já nos foram caras, que já foram coisas do coração, mas que perderam esse vínculo em virtude de dificuldades de comunicação, tornaram-se desgastadas. Foram esquecidas, mas num esforço de procura, através da linguagem poética, podemos reencontrá-las. Quando isso acontece, encontramos uma verdade.”
Na presença do sentido – João Augusto Pompéia, Bilê Tatit Sapienza
Além de ser indicada para qualquer pessoa que esteja experienciando inquietações, angústias ou desalinhamento o que gostaria de viver e construir, vale citar também que a psicoterapia é capaz de tratar problemas como depressão, ansiedade, compulsão, entre outras questões emocionais e psicológicas, mais comuns do que nunca em nosso tempo de tantas incertezas e mudanças.
E como posso te ajudar?
“Psicoterapia é procura. Terapia é pró-cura”, isto é, “terapia é para cuidar”; em latim, cura tem o significado de cuidar. Aquilo que se procura não é algo que vai acontecer lá no final do processo, mas algo que se dá, passo a passo, através do modo como ela se realiza.”
Na presença do sentido – João Augusto Pompéia, Bilê Tatit Sapienza
Uma das primeiras colocações que faço às pessoas que me procuram é de que não tenho expectativas sobre elas. Sei que essa frase pode parecer assustadora, afinal, como assim, uma psicóloga não tem expectativa? Não sabe para onde vamos? Mas é exatamente aqui que surge o convite: a psicoterapia deve ser um espaço daquele que a busca, não palco para o terapeuta mostrar suas competências e conhecimentos. Não depositar expectativa amplia a liberdade da pessoa em se mostrar, experienciar, arriscar e encontrar quem é, com todas as suas cores e sombras, nuances, texturas, linhas e emaranhados – sem ter que se preocupar com o desejo do terapeuta. Sinto que ao trazer essa questão para o contrato na forma como trabalho tem sido muito enriquecedora para as transformações no processo terapêutico.
“A linguagem da terapia é poética. Essa linguagem busca o interlocutor em seu espaço de liberdade.”
Na presença do sentido, João Augusto Pompéia, Bilê Tatit Sapienza
Como Carolina, pessoa e profissional, meus coloridos me permitiram encontrar na psicologia e na psicoterapia um meio de contribuir para o desenvolvimento humano. Sou muito feliz em fazer isso e acredito que os valores que carrego comigo vêm dessa trajetória: de uma casa cercada de livros; de uma mãe professora que me fez ver na educação a janela de emancipação; de uma família grande, na qual aprendemos a conviver com a pluralidade do ser, respeitando a individualidade sem esquecer jamais do coletivo; da prática do cuidado como a mais humana manifestação; e de me encantar com a liberdade de conduzirmos narrativas únicas, cada qual com a sua. Você também pode saber mais sobre minha experiência e formação aqui.
Por fim, se é do seu interesse afinar seus sentimentos e emoções, apropriar-se de si e se conscientizar sobre o seu lugar no mundo, meu convite é para embarcar no verso de Manoel de Barros que diz que “Poesia é voar fora das asas“, ou seja, se permitir desbravar novos “caminhos de você”, com asas de liberdade. Entre em contato para uma conversa. Outro convite é para ler este artigo que escrevi pensando nos dilemas femininos vividos na contemporaneidade. Acho que pode gostar 🙂
Até breve!
Abraços,
Carol Freire