Vamos brincar de quê? Sete ideias de brincadeiras para fazer ao ar livre e desfrutar do contato com a natureza

Brincar é coisa séria. Você já observou uma criança brincando? Um olhar atento a esse momento é capaz de perceber o quanto aquilo é sério para ela, o quanto ela se entrega e se envolve. Não é à toa. A brincadeira é a forma pela qual a criança se coloca no mundo e a forma pela qual percebe sua realidade. 

É por meio do brincar que a criança se expressa e se apropria dos sentimentos e das relações que permeiam seu cotidiano. As brincadeiras são também ferramentas de aprendizado e importantes no desenvolvimento da motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.

Então, para estimular o brincar por aí e incrementar os dias com novas possibilidades de descobertas, diversão e aprendizados, preparei sete dicas de brincadeiras simples e prazerosas para serem aproveitadas por pequenos e grandes. 

As ideias são inspiradas no folclore brasileiro e nas tradições que formam a identidade de nosso país e também em atividades que possibilitam o contato com a natureza, já que a primavera se aproxima e os dias ficam mais convidativos para sair de casa e explorar ao ar livre. 

Vamos lá?

Brincar é de lei 

Antes de compartilhar as dicas que preparei para este artigo, gostaria de destacar que o brincar é um direito assegurado por lei e consta em documentos como a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que prevê em seu princípio VII, que “a criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras. Os quais deverão estar dirigidos para educação, sociedade, e as autoridades públicas se esforçaram para promover o exercício desse direito”.

No Brasil, a Constituição Federal Brasileira, de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, as Leis de Diretrizes e Bases da Educação e o Marco Legal da Primeira Infância são os guardiões – ou deveriam ser e fazer valer -, a proteção e o direito ao lazer e à educação de crianças e jovens. 

Por isso, é fundamental garantir que o brincar esteja assegurado aos pequenos e pequenas.  As brincadeiras devem permear toda a infância, já que são responsáveis pela formação de cada indivíduo, que irá, por meio do brincar, desenvolver sua maneira particular de estar e atuar no mundo e em suas relações. 

De acordo com a Pedagogia Waldorf, criada por Rudolf Steiner, “a criança desenvolve-se em grande parte através do brincar. O brincar é tão importante e sério como o trabalho para o adulto. Ao brincar, a criança vai adquirindo experiências e vivências com as quais vai aprendendo a se situar em seu meio ambiente. É no brincar que a criança conhece o mundo e a si mesma e desenvolve capacidades de relacionamento social e coordenação motora.”

Agora que sabemos mais sobre o brincar e sobre a importância das brincadeiras, vamos às dicas? 

7 ideias de brincadeiras ao ar livre e inspiradas nos personagens do folclore brasileiro

 

1. Caça ao saci

 

Para começar, o personagem ícone do nosso folclore, o saci. Nesta brincadeira, a intenção é despertar o interesse e a curiosidade dos pequenos em relação à cultura popular brasileira. 

Para a brincadeira, vamos precisar de: uma peneira, três grãos de feijão ou um punhado de fubá, uma garrafa com rolha e 50 cm de conduíte para atraí-lo (este último item é opcional).

O lúdico é que vai conduzir a diversão. E nesse momento, os adultos podem contar histórias do saci para atiçar a imaginação das crianças. A brincadeira já começa na confecção da arapuca para pegar o menino levado de gorro vermelho que habita os mitos brasileiros e segue com a criatividade e capacidade de imaginar de cada um. 

Então, sigam os passos e aproveitem:

  • No centro da peneira e da rolha, marque um ‘X’ para o saci não fugir.
  • Depois, vá a um lugar com árvores e que também tenha animais como cavalos, galos, passarinhos, etc. Os sacis gostam da companhia dos bichos.
  • Para atrair os sacis, as crianças podem fazer imitar os sons dos animais. 
  • Enfim, é o momento de agir. Quando perceber a presença do saci, jogue os três grãos de feijão ou o punhado de fubá na direção em que acham que ele pode estar. 
  • Logo em seguida, lance a peneira em cima dos ingredientes, segurando bem firme para ele não escapar. 
  • Agora, é só arrastar com muito cuidado e abrir uma pequena fresta na peneira para colocar a boca da garrafa e, assim, ser a única saída para o saci. 
  • Tcharam! Rapidamente, tampe a garrafa. 
  • Saci capturado!

 

2. Amarelinha

 

Uma das brincadeira mais tradicionais e simples pode render momentos de movimento para o corpo e ser um desafio divertido. Para brincar de amarelinha, é preciso: giz, espaço e pedrinha. 

  • Desenhe no chão com o giz de lousa quadrados que façam o caminho do início até o destino, que nesse caso, é o céu. Coloquei numerais de 1 a 10 nos quadrados. 
  • Para começar, a criança pega uma pedrinha a e joga no quadrado de número 1. 
  • Depois, ela começa a pular a partir do quadrado de número 2, sempre colocando apenas um pé em cada quadrado. 
  • A brincadeira segue com as pedrinhas sendo colocadas nas próximas casas – ou quadrados. 
  • O desafio é não pisar no quadrado que está com a pedrinha, nem pular com os dois pés na mesma casa.

 

3. Mini Boitatá

 

Outra lenda que habita nosso folclore é a lenda do Boitatá. Do tupi “mboi” (serpente) e “tata” (fogo), a história fala de uma imensa serpente de fogo que é protetora das florestas, impedindo queimadas e afastando invasores.

Para confeccionar o Boitatá e ter um guardião da natureza, é preciso ter bobinas pequenas de papelão – que podem ser de rolos de papel higiênico ou de papel toalha cortados pela metade – além de barbante, tintas, giz de cera, lápis de cor, fitas coloridas e outros adornos para decoração.

  • Comece pintando os rolinhos. Deixe que a criatividade e o espírito de artista se manifestem sem limites. 
  • Depois, faça pequenos furos nas pontas das bobinas para passar o barbante e assim ligar um rolinho ao outro. Como se fossem vagões de um trem ou os anéis da serpente. 
  • Lembre-se de deixar uma bobina para ser a cabeça do Boitatá e faça o desenho dos olhos e um corte para ser a boca. 
  • Coloque o Boitatá para defender a floresta – ou jardim – mais próximo.   

 

4. Dança das cadeiras

 

Mais uma brincadeira para movimentar o corpo e estimular a coordenação. A dança das cadeiras é uma brincadeira tradicional que não tem limite de idade. 

Para fazer basta ter cadeiras e música.

  • Faça uma roda com cadeiras, lembrando de deixar um número menor de cadeiras em relação ao número de participantes da brincadeira. 
  • Coloque a música para tocar
  • Todos começam a andar ao redor das cadeiras
  • Uma pessoa deve ficar responsável por interromper a música
  • Quando a música para, os participantes devem correr para sentar nas cadeiras
  • Perde quem sobrar em pé. 

 

5. Caça aos tesouros

 

Agora, vamos correr para o quintal de casa, para o jardim, para a pracinha. A dica é de uma brincadeira para ser feita ao ar livre, com elementos da natureza. Pedras, pedaços de tronco, gravetos, folhas e flores são os tesouros escondidos e as crianças têm que encontrá-los. A brincadeira está em desbravar o ambiente e ver quantas coisas preciosas ele oferece. 

A natureza é a fonte dos brinquedos e os sentidos dos pequenos são despertados por meio do tato, da textura, do aroma, das cores de cada um dos elementos encontrados. Sentir uma pedra mais áspera, outra mais lisa, uma mais escura, outra mais clara. Perceber o cheiro das folhas e variedade de tons de verde. Ver o colorido das flores que começam a florescer com a primavera. 

A todo momento a natureza ensina e as vivências das crianças por meio dela vão promovendo percepções e descobertas pulsantes. 

6. Montar um mini jardim 

 

Bem, como colecionamos uma boa quantidade de elementos da natureza na brincadeira anterior, que tal agora montar um mini jardim? Você pode separar um cantinho da casa e colocar um pouco de terra em um recipiente – ou mesmo num vaso – e a criança pode colocar os tesouros descobertos por ela ali. Acomodando-os da forma que achar melhor. 

Mexer com a terra, com elementos vivos, traz energia e é possível sentir as diferentes nuances de calor, umidade e textura. Ser jardineiro por um dia pode ser muito divertido, além de trazer consciência para a importância do verde, da preservação do meio ambiente e da natureza. 

7. Pular corda ou obstáculos 

 

Para finalizar minhas dicas de brincadeiras ao ar livre, uma que também é bastante popular e que pode ser diversificada: pular corda. Aproveite os dias de céu azul e sol para pular corda, mexer o corpo e estimular a coordenação. 

Além de pular a corda, outra dica é usar a corda como caminho. A criança deve andar sobre a corda, pé ante pé, treinando o equilíbrio. Que tal? 

Itens como caixas de sapato, tábuas de madeira e outros objetos podem servir de obstáculos para um circuito de desafios do lado de fora de casa. Experimente!

Bem, trouxe aqui essas sete dicas de brincadeiras que podem, na verdade, se multiplicar e se transformar em muitas outras. O importante é permitir que a criança brinque, se divirta e também crie suas próprias formas de praticar o brincar.

 

Gostou das ideias compartilhadas aqui? Espero que elas possam oferecer bons momentos por aí! Um abraço e até mais.  

Fontes:

IPA Brasil

Lunetas 

Biblioteca Virtual da Antroposofia